Às vezes, na solidão da minha alma, as palavras nem chegam a se formar, e simplesmente choro. Esta história me garante que, se eu me achegar bem junto a Ele, Deus preenche o vazio.
Durante a refeição pascal, Jesus prediz que um de nós O trairá. Ficamos atônitos quando João é o primeiro a perguntar: “Sou eu, Senhor?” Por que João pensaria que ele poderia trair Jesus? Mesmo assim, João se inclina, junto ao coração de Jesus. Já vimos o filho do trovão andar com Jesus e responder ao amado Mestre. Não pode ser! João ama a Jesus.
João segue a Jesus de perto durante Seu aprisionamento e acusação. Seguimos tristemente, junto com a multidão no dia seguinte, quando o açoitado e condenado Homem, nosso Mestre, é levado a um monte chamado Gólgota.
Somos cegadas pela escuridão sobrenatural que cobre Jerusalém. No vazio daquele momento escuro, Jesus clama: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” Somente um discípulo não O abandonou. Em desamparada angústia, a cabeça do Senhor pende. Com os olhos baixos e o fôlego a expirar, Ele se fixa na figura sombria de João, apegado ao pé da Sua cruz. Jesus não precisa perguntar: “Amigo, a que vieste?”. Esse discípulo que ama a Jesus mais do que tudo – e sabe que Jesus o ama, mais do que tudo – está novamente próximo como alguém que ama, ali junto, ao Seu lado.
Olhe! Eis o angustiado discípulo que precisa de consolo, mas ainda assim leva conforto ao crucificado Senhor. Ali está um amigo mais chegado que um irmão, que cuidará da lacrimejante e aflita mãe, como se fosse sua. Ali está um filho a quem a mãe amará. Ali está o fiel seguidor, transformando-se no discípulo amado que contará ao mundo inteiro que Cristo Jesus ama e salva, dá vida e vive.
E agora Jesus olha para mim, a quem Ele ama, e pergunta: “Minha amiga, por que você veio para olhar de longe? Você Me abandonará ou permitirá que Eu a ame completamente, para suprir cada necessidade sua, e tomar providências quanto ao seu futuro? Você está, descuidadamente, seguindo a multidão que Me insulta? Ou se aproximará porque vê o Filho do homem morrendo para lhe conceder vida? Minha amada, você crê verdadeiramente que Eu a amo mais do que tudo?”
Rebecca Timon