Tive o privilégio de ter pais que gostam de animais. Já nasci tendo a companhia deles em casa. Mas tudo realmente começou quando eu tinha uns sete anos, morava em Jardim Utinga, Santo André, e alimentava uma gata de rua que visitava o nosso quintal.
Certo dia, para minha surpresa, ela veio pelos telhados dos vizinhos como de costume, mas, dessa vez, trouxe na boca um a um de seus três filhotinhos e os colocou aos meus pés. Foi assim que comecei uma jornada de cuidado a animais abandonados que simplesmente sabem o meu endereço e parece que contam aos seus amigos.
Passaram por minhas mãos animais e aves recém-nascidos, velhinhos, feridos, cegos, desdentados, traumatizados pela agressão, atropelados, abandonados, rejeitados, aleijados… E aqueles que nunca viveram comigo, mas nem por isso deixaram de vir – alguns de dia e outros de noite – buscar uma “marmitinha”.
Apesar de isso ser uma gotinha, se comparado ao sofrimento do mundo, histórias de pessoas que deram de si para aliviar a dor alheia me inspiram e me fazem sonhar em um dia poder fazer ainda mais que ajudar animais.
George Müller foi uma dessas pessoas raras que não se preocupava em ter, mas em dar. Sentiu-se chamado por Deus para construir orfanatos na Inglaterra e alimentou milhares de crianças órfãs somente com o recurso da oração. Nunca pediu dinheiro a alguém sem ser a Deus. E Ele sempre enviou tudo o que eles precisaram por meio de pessoas generosas. Milhares de vidas tiveram rumos diferentes por causa desse único homem e voluntários que se importaram com crianças que não eram deles!
Imagino o sorriso de Deus quando nos vê parando tudo para estendermos um prato de comida ou uma sacola de roupa a alguém ou alimentando um animalzinho faminto e curando feridas de qualquer uma das Suas criaturas. Afinal, Jesus fez isso durante toda a Sua vida terrestre. Aliviou a carga dos oprimidos e deseja que continuemos sendo Seus pés e mãos aqui na Terra.
O mundo seria bem diferente se cada um de nós se importasse mais com os outros. Seria um lugar bem melhor se respeitássemos a vida da forma que Deus respeita e compartilhássemos mais as bênçãos que recebemos. Deus dá para que abençoemos outros e não para retermos a bênção, alimentando nosso egoísmo e nos tornando cada vez mais materialistas. Deveria ser natural sentirmos compaixão pelos que sofrem, mas infelizmente não é. O que você pode fazer hoje para aliviar a dor ou a fome de alguém?
Kênia Kopitar