“Como você se chama?”, perguntou-me o beduíno sudanês em um dos dialetos do deserto do Saara. “Rodrigo”, respondi. Depois de tentar inutilmente repetir o meu nome, ele finalmente pronunciou “brigo”, e me dei por satisfeito. Afinal, já havia passado por isso com outros falantes do
árabe no Oriente Médio.
Em seguida, ele emendou outra pergunta: “O que significa ‘brigo’?” Expliquei o significado por intermédio do intérprete, e ele também se deu por satisfeito. Ali, entendi que, para aquela cultura, o sentido de um nome é tão importante quanto ou mais que sua sonoridade. Por isso, as histórias bíblicas frequentemente associam nomes aos seus significados.
Observe estes exemplos: “Você porá Nele o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1:21). Jesus significa exatamente “o Senhor salva”. Em Gênesis 29:34, diz: “Desta vez, disse Lia, o meu marido se unirá mais a mim, porque lhe dei à luz três filhos. Por isso lhe deu o nome de Levi.” Levi significa “ligado” ou “unido em harmonia”.
O nome dizia muito acerca de uma pessoa. Por isso, quando alguém mudava radicalmente de vida, não era incomum que seu nome também fosse alterado, como Abrão que se tornou Abraão e Sarai que virou Sara.
Era tão forte a ligação do indivíduo com sua alcunha que “apagar o nome” significava “matar a pessoa”. Como disse o pensador alemão Johann Goethe: “O nome de um homem não é como uma capa que lhe está sobre os ombros, pendente, e que pode ser tirada ou arrancada a bel prazer,
mas uma peça de vestuário perfeitamente adaptada ou, como a pele, que cresceu junto com ele; ela não pode ser arrancada sem causar-lhe dor” (The Autobiography of Johann von Goethe, v. 2, p. 14).
Com base nisso, você já parou para perguntar qual o significado do seu nome? E não me refiro à carteira de identidade ou ao apelido de infância. Refiro-me ao nome “cristão”. Você sabe o que isso significa? Não há maior discrepância do que aquela que distancia meus atos daquilo que sou. Se sou um cristão, de fato, somente a coerência entre o que faço e aquilo que realmente honra essa identidade é digna de ser mantida.
“Não desonre meu nome”, diz o beduíno para o filho que vai sair de casa. Não seria essa uma fala apropriada para ouvirmos de Deus?