Muitos dizem que a fé não admite dúvida ou questionamento. No entanto, se fosse assim, teríamos uma contradição na Bíblia, pois diversas vezes Deus não apenas respeitou como incentivou o questionamento sincero.
“Ponham-Me à prova nisto, diz o Senhor dos Exércitos” (Ml 3:10). “Venham, vamos refletir juntos”, ou, conforme diz outra versão bíblica, “vamos arrazoar juntos”, o que significa discutir, entender as razões um do outro (Is 1:18). Abraão, considerado o pai da fé, teve momentos de dúvida, e a primeira vez que ele fala é para expressar um questionamento (Gn 15:2). O problema, portanto, não é a dúvida honesta, mas, sim, a incredulidade teimosa.
A dúvida saudável é diferente da descrença em face das evidências que Deus deixou. O apóstolo Paulo afirmou: “Pois o que se pode conhecer a respeito de Deus é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. […] Por isso, os seres humanos são indesculpáveis” (Rm 1:19, 20). No Novo
Testamento, somos aconselhados a testar e examinar criticamente todas as coisas antes de crer apressadamente nelas (2Co 13:5; 1Jo 4:1). O cristão não deve concordar com algo apenas porque faz parte da tradição ou foi dito por um líder (Mt 5:21, 22; 1Pe 2:1, 3).
Quando deprimidos ou afligidos, é normal perguntar: “Por que, Senhor?” O patriarca Jó e os salmistas fizeram isso. Imagine Davi se queixando: “Por que, Senhor, Te conservas longe? Por que Te escondes nas horas de angústia?” (Sl 10:1). Se fosse hoje, muitos o repreenderiam por sua aparente falta de fé.
Na dor do Calvário, Cristo também questionou onde estaria Deus, e não pecou ao fazer isso. Mesmo sem resposta, Ele entregou Sua vida, não porque fosse um crédulo ingênuo, mas porque possuía comunhão com o Céu. Jesus conhecia os indícios e as evidências de que o Pai não haveria de
desampará-Lo, mesmo que tudo indicasse o contrário. Essa é a fé genuína, que não esconde suas dúvidas, mas não sucumbe a elas porque se sustenta nas respostas que já recebeu. Você estaria disposto a ter essa fé hoje?