Levantei-me na cama e parei para escutar o barulho que vinha da garagem abaixo do meu quarto. Alguém estava tentando abrir o cadeado da grade da garagem. Meu coração disparou a ponto de eu sentir a pulsação em minhas têmporas. Alguém estava tentando invadir a casa onde meu filho com necessidades especiais e eu morávamos. O que eu poderia fazer? Outros membros do corpo docente da faculdade cristã onde eu atuava como reitora acadêmica moravam nas proximidades, mas nenhum deles estava perto o sufi ciente para ouvir gritos de socorro.
Levantei-me da cama e liguei os holofotes. Imediatamente, o pátio ficou inundado de luz branca. Meio escondida pelas cortinas, fiquei parada perto da janela. O barulho parou, mas não consegui ver ninguém. Enquanto eu tremia de medo, minha mente se voltou para os assassinatos e arrombamentos que eram comuns ali na ilha. Querido Deus, por favor, ajuda-me! Minha oração atravessou o céu escuro da noite e chegou às cortes celestiais. Não sei por quanto tempo fiquei parada na janela, observando se alguém correria em direção à entrada da garagem. De
repente, vi algo incrível acontecer. Uma matilha de cães veio trotando até a entrada da garagem e parou. Começaram a latir ruidosamente na direção das árvores e dos arbustos. Eles ficaram juntos e fi zeram um grande barulho.
Enquanto os cães continuavam latindo alto, minha atenção foi atraída para um deles, que parecia ser o líder da matilha. Ele era enorme, duas vezes maior que os outros. Parecia um pequeno pônei de pelo brilhante e cor clara. Ele tinha um aspecto poderoso enquanto liderava o coral de uivos. Eu nunca tinha visto aqueles cães na vizinhança antes. Sim, havia um cachorro na vizinhança que sempre saía correndo da entrada da garagem, perseguia meu carro quando eu passava e voltava para o quintal assim que eu ia embora, mas nunca nenhum cão havia entrado no meu quintal para desencadear aquele tipo de cacofonia de latidos tarde da noite. Fiquei observando, esperando e orando. Os cães continuaram latindo por um bom tempo. Depois, viraram-se e saíram trotando pela entrada da garagem, tão misteriosamente quanto chegaram. Nunca mais voltaram.
Fiquei perto da janela por um bom tempo, antes de voltar para a cama. Então deitei-me no silêncio, sem conseguir dormir. Mas já não sentia medo, pois algo precioso e memorável havia acontecido com o aparecimento daqueles cachorros.
Judith Nembhard