Pedro estava querendo fazer média com Jesus. O limite de perdão que os judeus praticavam entre si era de três vezes. Se alguém errasse mais do que isso, poderia não ser perdoado. Sabendo que o Senhor é misericordioso, Pedro perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?” (Mateus 18:21). A resposta de Jesus foi desconcertante: setenta vezes sete.
Em minha infância, lembro de ter ficado chocado ao descobrir essa passagem. Eu teria que perdoar minha irmã, amigos e colegas 490 vezes? Recordo de ter começado a contar os erros das pessoas contra mim, tentando aplicar a matemática divina. Igual a Pedro, eu já achava sete muita coisa para perdoar os outros.
A situação fica ainda mais séria quando se descobre o significado dos números na Bíblia. Sete tem a ver com plenitude. Então, ao Jesus dizer que o perdão deve ser setenta vezes sete, Ele estava ensinando que devemos ter sempre o coração aberto para oferecer perdão para quem de fato o desejar.
Deus não nos pede nada que Ele mesmo não faça. Seu perdão tem estado sempre disponível para quem se arrepende. Mais do que isso, Ele trabalha em nosso coração para que enxerguemos os pecados que cometemos e nos estimula a confessá-los. A Bíblia diz: “Ó Deus, não há outro deus como Tu, pois perdoas os pecados e as maldades daqueles do teu povo […]. Tu não continuas irado para sempre, mas tens prazer em nos mostrar sempre o teu amor. Novamente, terás compaixão de nós; acabarás com as nossas maldades e jogarás os nossos pecados no fundo do mar” (Miqueias 7:18, 19).
Ao ensinar que o perdão deve ser de setenta vezes sete, Jesus estava falando de algo que já havia feito. Quatrocentos e noventa anos foi o tempo de graça para os judeus de acordo com a profecia das 70 semanas de Daniel 9. Além do tempo de graça oferecido a todas as gerações anteriores, o Senhor ainda acrescentou 490 anos, que se encerraram no ano 34 de nossa era, quando líderes judeus mataram Estevão e deixaram claro que, como nação, não aceitavam Jesus como o Messias. Mesmo assim, o perdão divino continua disponível para todos os judeus que clamam por salvação. Se Deus é tão longânimo conosco, por que não sermos com nosso próximo? Se alguém errou com você e se arrependeu, lembre-se de que, na matemática de Deus, o perdão é infinito.