Emitindo guinchos de romper o tímpano, o porco corria, pernas em furiosa atividade, impelindo-o com sua pança que balançava como pêndulo pela área do leilão, com dois peões a persegui-lo. Quando ele rodopiou na curva seguinte, foi capturado e devolvido ao estrado do leiloeiro. Pobre porco. Foi o pior dia da sua vida. Embora tivesse acabado em um leilão, as coisas não estavam correndo bem para ele.
– Quanto devo pedir por um malandrinho brincalhão como este? – riu o leiloeiro, apontando para o infeliz porco, que imediatamente investiu contra o dedo dele, dentes à mostra. O homem puxou a mão para trás. – Acho que isso o retira da categoria de bicho de estimação! – ele disse, numa pobre tentativa de fazer humor. Era óbvio para todos que o “malandrinho brincalhão” tampouco seria bom para se comer. Mas algo em torno do leitão despertou as simpatias da minha neta Coramina. Ela olhou para sua mãe, com as sobrancelhas erguidas. A mãe concordou. – Um dólar! – Coramina gritou.
– Vendido! – anunciou o leiloeiro, sem hesitação.
Desse modo, Spats foi resgatado e viajou para seu novo lar no porta-malas de um Fusca amarelo. Seu destino foi um extenso pasto verde atrás da cocheira do cavalo. Ele tinha seu próprio abrigo, cheio de feno cheiroso, no qual podia afundar e fazer seu ninho aconchegante. Grãos, cascas de banana e outras guloseimas deliciosas chegavam duas vezes ao dia, e ele tinha um pequeno lago onde se refrescar nos dias quentes. O céu dos porcos, certo?
Então, por que ele passava o tempo todo se esgueirando por baixo da cerca para chegar à pastagem ao lado, que não tinha nenhuma dessas amenidades? Spats, porém, ficava sempre de olho em Coramina e seu chicote, rapidamente retornando à abertura na cerca. Ele, então, se esgueirava de volta, resmungando de modo beligerante a cada passo.
Que semelhança com o ser humano! Assim como Spats, nós também fomos redimidas, embora a um preço infinitamente, tremendamente, maior. Assim como Spats, não temos absolutamente nada a nos recomendar diante do amor insondável e da graça extravagante do nosso Redentor – graça desproporcional em comparação com nossos pecados.
Ah, como Ele ama a você e a mim!
Jeannette Busby Johnson