Após abrir a porta da minha sala, a secretária responsável pelas matrículas me pediu para ver o que era possível fazer.
A candidata, de modo hesitante e tímida, explicou sua situação: “Vim me matricular para as aulas de inglês, mas somente a turma de quarta/sexta ainda tem vagas. Sou guardadora do sábado e não posso participar das aulas de sexta à noite. Será que eu poderia ser matriculada em uma outra turma?
Então percebi por que ela havia sido enviada a mim. Eu havia dito que não poderíamos nos arriscar em ter mais alunos em uma turma do que a sala pudesse acomodar, embora nem todos, de fato, fizessem o curso no fim das contas. Eu havia instruído os alunos de que, ao fazer a matrícula, checassem novamente a possibilidade de mudança de turma depois que as aulas se iniciassem. Minha equipe de funcionários estava, sem dúvida, esperando para ver se eu iria acomodar ou não mais um guardador do sábado.
Fiquei pensando: Será que ela se converteu recentemente e sua fé precisa de fortalecimento? Será que eu deveria dizer a ela que eu a entendia perfeitamente, e que já havia estado na mesma situação anteriormente? Talvez eu devesse acalmá-la dizendo que compartilhava a mesma fé e convicções dela.
Não fiz nada disso. Eu meramente disse: “Verifique novamente depois do início das aulas e, muito provavelmente, você consiga se matricular em outra turma.” Ela ficou desapontada, mas me agradeceu com uma voz fraca e saiu.
Posteriormente fiquei imaginando por que eu havia sido tão evasiva e implacável. Eu não havia perguntado o nome dela ou que igreja ela frequentava. Eu poderia ter feito a matrícula dela na turma disponível e tê-la transferido para outra turma depois de uma semana. Eu havia recebido a oportunidade de fazer o bem a um membro da mesma fé e não havia aproveitado aquela chance. Eu não havia seguido o conselho de “fortalecer os meus irmãos” (ver Lc 22:32). Percebi que eu não havia feito uma oração silenciosa dizendo: “Senhor, guie minhas ações”.
É extremamente fácil permitir que a correria do dia a dia atrapalhe nosso dever para com Deus, para com nossas irmãs e nossos irmãos, e até para nós mesmas. Temos que nos lembrar de orar constantemente: “Ensina-me a mostrar Sua terna bondade aos outros, ó Senhor. Incline o meu coração à Sua vontade.”
Hortense Headley