Uma das frases mais célebres de Sócrates é: “Só sei que nada sei.” Essa foi uma resposta ao oráculo de Delfos quando um vidente revelou que Sócrates era o mais sábio entre os homens. Ele não achava isso. Pelo contrário, o filósofo via que a consciência de sua própria ignorância era o que o levaria a evoluir da mera opinião para o conhecimento verdadeiro.
Não é pecado ser um intelectual. Pelo contrário, a Bíblia incentiva o estudo (2Co 8:7) e até elogia quem busca o conhecimento (At 17:11). No entanto, aquele que se autointitula culto deveria ter em mente alguns princípios básicos: (1) Deus usa intelectuais como Salomão, Daniel e Paulo, mas também usa provincianos como João e Pedro, descritos na Bíblia como “iletrados e incultos” (At 4:13); (2) a intelectualidade só tem sentido se for usada a serviço do Reino, como qualquer outro dom; e (3) nenhum intelectual deveria se sentir superior aos mais simples, pois além da arrogância ser um pecado, ninguém é especialista em tudo.
Diz uma anedota que, certa vez, um acadêmico orgulhoso foi andar de barco no rio Amazonas, pois queria levantar dados para sua tese. Enquanto um pescador analfabeto guiava sua embarcação, o doutor lhe perguntou:
– Sabes falar outro idioma, simplório pescador?
– Sei não, “sinhô”, eu mal sei “falá” o português…
– És um iletrado. Já estiveste em outro país?
– De jeito nenhum, “num cunheço” nem a capital!
– És um alienado. Sabes fazer um silogismo?
– Sei não, “sinhô”.
– Então és um ignorante…
Nisto, o barco começou inesperadamente a afundar. Sem colete salva-vidas ou tempo para chegar a uma das margens, o pescador perguntou:
– O doutor sabe nadar?
– Não –, respondeu o PhD, em desespero…
– Então, és um morto!
Por mais que estudemos, não sejamos donos da verdade, mas servos dela. Que nosso testemunho seja maior do que nosso conhecimento. Que ao mostrar o que aprendemos, as pessoas possam ver Jesus em nós.