Segunda-feira
07 de dezembro
Saudade
Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, Eu, todavia, não Me esquecerei de ti. Isaías 49:15, ARA

Você já sentiu saudade? Eu já, e muita! Minha vida tem sido marcada por partidas e despedidas. Desde sempre, eu me recordo de sentir saudade. Eu sinto saudade de pessoas com quem convivi, de lugares onde morei, de locais em que trabalhei e até de animais de estimação que já se foram. Um dos momentos de maior saudade de minha vida foi quando precisei deixar a casa dos meus pais.

Cresci em uma família com muitas limitações financeiras. Quando completei dez anos de idade, fui enviada para morar em um lar de meninas, uma espécie de orfanato, situado a mais de mil quilômetros da casa dos meus pais. Eu me recordo perfeitamente do dia em que lá cheguei. Havia muitas meninas correndo pelo quintal, e uma bondosa senhora que veio nos receber: a “tia” do lar, a pessoa responsável por cuidar do local. Após algumas palavras, minha irmã mais velha, que havia me levado até o lar, foi embora, e eu fiquei ali tentando entender tudo o que estava acontecendo. Aquela noite foi a que mais senti saudade em toda a minha vida. Lembro-me de que chorei no escuro do quarto, para que ninguém visse minhas lágrimas. Isso se repetiu por muitas noites. Eu chorava porque tinha saudade da minha mãe, do meu pai, dos meus irmãos, do meu lar e dos meus poucos brinquedos.

O tempo passou. Vivi seis anos naquele lugar. Eu cresci e aprendi a conviver com a saudade. Tornei-me adulta e, um dia, conversando com minha mãe, muitos anos depois, ela revelou algo que, para mim, foi surpreendente: no tempo que eu estive morando distante, ela também sentira saudade de mim. Naquele dia, eu descobri que minha mãe também chorou por causa da distância e da ausência. Entendi que eu não estivera distante de casa porque ela não me amava, mas porque, com sua sabedoria, ela entendeu que aquilo seria o melhor para mim.

Querida amiga, talvez você também esteja se sentindo hoje uma “menininha” longe do lar, sem a presença das pessoas que você ama, sem entender o porquê da separação. Saiba, no entanto, que o Senhor tem saudade de você e que Ele Se importa com você. E, mesmo que hoje você não entenda, Deus, em Sua infinita sabedoria, permite que você viva esse momento porque deseja o melhor para sua vida. Meu desejo é que você entregue seu medo e sua preocupação com o futuro nas mãos de um Pai que a ama.

Mauriceia Ferraz Dias