Ele se ajoelhou ao meu lado. Seu corpo franzino estava ereto e as mãos unidas em posição de oração. Com seu rosto voltado para cima, e os olhos fechados reverentemente, ele falou como se conversasse com um velho amigo: “Querido Senhor, sou eu novamente.”
Vários meses antes, Will havia começado a frequentar a igreja. Seus olhos azuis brilhantes e sorriso fácil rapidamente nos atraíram. Ele havia vivido de modo bastante peculiar em barracas em vários estados do país, e nosso pastor havia permitido que ele morasse na propriedade da igreja. Ele frequentava assiduamente as programações e cultos de oração.
Logo depois de se tornar parte da nossa congregação, Will se envolveu em um grave acidente e sofreu múltiplas lesões. Ele foi tratado em um centro de trauma e, durante várias semanas, ficou entre a vida e a morte. Enquanto isso, oramos para que o Senhor o curasse. Nosso pastor o visitava diariamente e nos informava de sua melhora gradual. Dentro de algumas semanas, ficamos todos agradecidos por tê-lo em nosso meio novamente, uma resposta às orações.
Certa noite, meu esposo e eu estávamos sentados ao seu lado durante um culto de oração. Nosso pastor havia falado sobre o fato de que nosso corpo é o templo do Espírito Santo e de como precisamos cuidar bem dele. Ele citou Levítico 19:28: “Pelos mortos não façam cortes no corpo, nem ponham marca nenhuma sobre vocês. Eu sou o SENHOR.” Envergonhado, Will olhou para mim e disse:
— Tenho tatuagens bonitas — e levantou a manga da camisa para me mostrar.
— Elas são bonitas — respondi, tocando-lhe no braço.
Quando nos dividimos em pequenos grupos, Will orou:
— Querido Senhor, sou eu novamente. Tenho tatuagens em meu corpo, mas Você me salvou. Usei drogas nos anos sessenta, setenta e oitenta, mas Você me salvou e me dará um novo corpo quando Você voltar.
Sua oração sincera terminou abruptamente. Era óbvio que ele e o Senhor conversavam frequentemente. E eu tenho sido tocada tremendamente por suas simples orações fervorosas. Refleti sobre minhas frequentes conversas com o Senhor durante a noite ou quando estou ocupada demais para me ajoelhar. Às vezes tenho vontade de dizer: “Querido Senhor, sou eu novamente”. É confortador saber que Ele nunca Se cansa de nossos pedidos e que Ele nunca cochila nem dorme.
Rose Neff Sikora