Os formigamentos que eu sentia em todo o corpo sinalizavam a maior mudança que eu enfrentaria na vida. Em questão de meses, eu deixaria de ser editora em uma universidade cristã e passaria a ficar dentro de casa, uma prisioneira de dores imprevisíveis.

Um dia, a dor estava impedindo que eu fizesse qualquer coisa, exceto caminhar. Ficar sentada doía, ficar deitada era doloroso e ficar em pé era tortura. Então eu deixei meus filhos me conduzirem até partes do nosso bairro onde eu nunca tinha ido a pé. Foi lá que vimos um bazar acontecendo no quintal de uma das casas. Feliz de encontrar um propósito à minha caminhada sem rumo, fui até as mesas cheias de produtos à venda e logo encontrei alguns itens que eu não podia deixar de comprar.

Liguei para meu esposo para que ele trouxesse minha carteira e voltei minha atenção às mulheres que estavam na varanda da frente da casa, cuidando das mesas repletas de produtos à venda. A primeira coisa que percebi foi que elas eram pessoas felizes. O sorriso amigável delas já havia se tornado um ponto brilhante no meu dia escuro. Mal começamos a conversar e o assunto voltou-se para Deus, e elas literalmente transbordaram de amor pelo seu Criador. Eu jamais havia ouvido alguém falar tão fácil e naturalmente sobre o amor de Deus.

Foi então que percebi que aquelas mulheres eram muito doentes, pois ambas sofriam de vários problemas de saúde. Elas eram tão doentes que não podiam nem ir à igreja, mas isso não era problema, pois elas podiam fazer um culto de ação de graças comigo (uma pessoa completamente desconhecida para elas) na varanda de sua casa. Enquanto meu esposo veio pagar os produtos e nos levar para casa, as mulheres insistiram que não saíssemos sem aceitar alguns de seus livros cristãos favoritos.

Naquele dia, saí daquele bazar com algo mais precioso do que qualquer coisa que eu pudesse ter encontrado nas mesas de venda. Saí com uma melhor compreensão de missão. Durante toda a minha vida, eu havia esperado que Deus me usasse de modo grandioso, vivendo com meus olhos fechados às pequenas oportunidades que Ele havia colocado no meu caminho. Mas agora meus olhos estavam abertos e, como aquelas mulheres, eu sabia que podia servir a Deus na doença assim como na saúde.

Lori Futcher