Que maravilha passar um sábado em Jerusalém! Nós nos sentimos em casa adorando com outros cristãos: judeus e árabes convertidos. Sábado à tarde, entramos no carro alugado, com mapas confiáveis nas mãos, e percorremos bairros desconhecidos. Percebemos pequenos bloqueios em frente a algumas ruas. Sem sinais. Apenas bloqueios. “Por que os bloqueios?”, questionamos. Meu esposo viu a rua que procurávamos e virou à esquerda.
Percebemos que ninguém mais estava dirigindo naquela estrada. Nós nos perguntávamos se dirigir no sábado não era permitido ali, quando ouvimos algo que soava como “chuva de pedras” no nosso carro.
– Papai! – gritou meu filho. – As pessoas estão jogando pedras em nós!
Nós nos tornamos um alvo em movimento para os residentes naquele bairro conservador. Homens e meninos ao longo da rua agora estavam pegando pedras maiores. O som de chuva se transformou em som de pancadas.
– Como saio deste labirinto?
Meu esposo dirigia cada vez mais rápido, e parecia que andávamos em círculos com cada saída de rua bloqueada por uma barricada. Não havia lugar para fugir!
“Senhor, nos ajude!”, clamamos. Então uma mulher surgiu do nada! Puxando a saia longa, escura e ondulante de um lado, com a outra mão sinalizou de forma selvagem. O que ela tentava nos dizer? Seguimos os sinais da mão dela, dirigindo pela calçada entre dois prédios. Surpreendentemente… para a liberdade! Dirigimos por vários quarteirões antes de parar para ver se tinha acontecido algum dano no carro. Felizmente, não houve danos! Como gostaríamos de agradecer à nossa benfeitora desconhecida, vestida de forma sombria!
Pensei muitas vezes na viagem daquele dia de sábado. Todos nós apreciamos o sábado, um dia de descanso como um oásis em um deserto. Mas como guardamos esse dia especial? Nós nos apegamos a “regras” que atribuímos a esse dia especial? Exigimos, como nossos amigos naquele bairro, que os outros vivam por meio de um certo conjunto de regras?
O sábado foi criado para ser um deleite. É um tempo para adoração, relaxamento, partilha, cuidado e, acima de tudo, um tempo para refletir sobre o Criador, Aquele que estabeleceu esse magnífico dia de descanso e recreação. Vamos aproveitá-lo! Shabbat shalom (sábado pacífico)!
Harryette Aitken