Por muito tempo, o terremoto de Lisboa de 1755, o dia escuro de 1780 e a queda de meteoros de 1833 têm sido citados como sinais da volta de Jesus. Mas esses fatos ocorreram há séculos. Como podemos, com base neles, cantar músicas como “Breve Jesus Voltará”?
Isaías 7 e 8 nos ajudam a entender essa questão. O contexto é a crise política de 734 a.C., quando Acaz, rei de Judá, deposita sua confiança não em Deus, mas na Assíria. O profeta Isaías, então, adverte o rei e sugere que ele peça um sinal a Deus, uma proposta que o rei recusa.
O sinal é dado por Deus mesmo assim. Uma criança chamada Emanuel, nascida de uma jovem prestes a se casar, estava destinada a ser sua salvação. O contexto sugere que essa jovem seria a noiva de Acaz, e a criança, o futuro rei Ezequias. O sinal tinha tudo a ver com um evento iminente.
Entretanto, Isaías 8:8 descreve o futuro ataque da Assíria e Emanuel não intervindo, o que indica que, devido à infidelidade do povo, Deus não pôde cumprir completamente o sinal que havia dado. O mesmo sinal foi adiado por mais de 700 anos, quando Maria concebeu Jesus.
Como podemos ver, um sinal profético aponta para uma situação iminente, mas também permite um cumprimento distante. Talvez o Messias pudesse ter nascido nos dias de Acaz. Embora Deus saiba desde a eternidade quando as profecias serão cumpridas, também enfatiza que o tempo de espera pode ser menor se o povo permanecer fiel.
Houve várias ocasiões em que Deus adiou resultados prometidos (cf. 1Rs 21:20-29). A travessia do Sinai, que seria de poucos dias, se estendeu por 40 anos. Quanto à segunda vinda de Jesus, as profecias dizem mais sobre o que acontecerá do que quando ocorrerá. No entanto, elas também indicam que pode haver um aparente “atraso” devido à infidelidade do povo e à inconclusão da pregação do evangelho.
Os eventos astronômicos do Sol, da Lua e das estrelas podem seguir um cronograma profético, mas o que eles anunciam, a volta de Jesus, pode ser adiado. Por isso 2 Pedro 3:12 nos conclama a esperar e “apressar” a vinda do Dia de Deus. Mais do que crer, devemos ansiar pelo retorno de Cristo.