Em suas aulas de Física, o professor Valdimiro Laurindo costumava repetir: “Sopa quente se come pelas beiradas.” Esse conhecimento simples é a aplicação do princípio da troca de calor, que diz que duas substâncias postas em contato buscarão o equilíbrio térmico. Assim, o canto da sopa fica mais frio ao entrar em contato com o canto do prato, que, por sua vez, fica mais quente ao receber parte do calor da sopa.

O texto de hoje faz parte do discurso que o apóstolo Paulo fez no Areópago de Atenas, um centro da cultura grega, que era predominantemente idólatra. Só para se ter uma ideia, segundo o escritor romano Petrônio, era “mais fácil encontrar um deus do que um homem” em Atenas.

Nesse contexto bastante estranho para um judeu, Paulo soube estabelecer uma ponte para o diálogo. Ele começou seu discurso “pela beirada”; partiu de um ponto comum para seus ouvintes, o altar dedicado ao “Deus Desconhecido”. Com isso, ele obteve a atenção do público, podendo então avançar para a exposição do evangelho.

A esse respeito, Ellen G. White escreveu o seguinte: “As verdades que nos são comuns devem ser consideradas em primeiro lugar, e alcançada a confiança dos ouvintes; então, à medida que o povo compreenda, podemos avançar vagarosamente com a matéria apresentada. Necessita-se de grande sabedoria para apresentar a verdade impopular a um povo preconceituoso, da maneira mais cautelosa, para que se ganhe acesso ao seu coração” (Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 353 [426]).

Pregar o evangelho em sua plenitude exige sabedoria e tato. Precisamos conhecer o público com o qual estamos lidando, para que sejamos capazes de identificar a melhor forma de apresentar a mensagem. Um contato missionário malfeito é pior do que se a pessoa nunca tivesse ouvido nada sobre o evangelho. Uma má impressão sobre a verdade pode afastar o ouvinte permanentemente. Por esse motivo, sempre peça sabedoria a Deus, e Ele conduzirá você na missão.