Domingo
19 de novembro
Suco de uva branca
Como são doces para o meu paladar as Tuas palavras! Mais que o mel para a minha boca! Ganho entendimento por meio dos Teus preceitos; por isso odeio todo caminho de falsidade. Salmo 119:103, 104

Folheando um de meus livros prediletos, certa manhã, fiz uma pausa após ler uma poderosa passagem. “Muitas são as maneiras pelas quais Deus procura revelar-Se a nós e nos pôr em comunhão com Ele. A natureza fala sem cessar aos nossos sentidos” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 85). Refletindo sobre a última frase, perguntei: Estás tentando me dizer algo, Senhor? Sua resposta me chegou no desjejum da manhã seguinte, enquanto eu pegava o suco de maçã e bebia um gole.

– Alguma coisa está errada com este suco – reclamei, levantando o copo para examinar melhor o néctar cor de ouro pálido.

– Isso não é suco de maçã – disse minha mãe, rindo. – É suco de uva branca.

Confusa, provei-o de novo. Dessa vez, porém, com o “rótulo” de uma fruta diferente nos pensamentos. Mamãe tinha razão. Agora minhas papilas gustativas tinham expectativas diferentes, e o suco oferecia um sabor muito bom.

Esse incidente causou um impacto tão forte sobre meu pensamento que procurei encontrar alusões quanto a usar “rótulos” em outras áreas da vida. No nível psicossocial, notei como nossas expectativas enviesadas, frequentemente errôneas, podem nos causar problemas em termos de como “classificamos” outras pessoas. Às vezes, reagimos negativamente em relação a elas, até nos darmos a oportunidade de verdadeiramente conhecê-las.

Espiritualmente falando, lembrei-me da parábola de Cristo sobre o trigo e as ervas daninhas, registrada no Evangelho de Mateus. O fazendeiro ordenou que seus trabalhadores os deixassem crescer juntos até a colheita, quando então ele mandaria que os ceifeiros os separassem, queimando o joio e depositando o trigo no celeiro (ver Mt 13:30). Não devemos julgar quem é trigo e quem é joio. Deus, muitas vezes, manda para nossa vida exatamente as pessoas que poderíamos ser rápidos demais em “rotular” – e rejeitar – como sendo inconvenientes para o nosso “gosto”. Talvez necessitemos de mais tempo para chegar a conhecer outras pessoas e apreciarmos o “sabor” exclusivo que elas trariam para enriquecer nossa vida. Além disso, se diariamente “provamos” a bondade do Senhor (ver Sl 34:8), nós apreciaremos e amaremos os outros assim como Ele faz.

Que lições aprendi com aquele simples gole de suco de uva branca, naquela manhã!

Obrigada, Senhor, pelos cinco sentidos que nos levam para mais perto de Ti e dos outros.

Glenda-Mae Greene