Domingo
02 de fevereiro
Tem sal sobrando?
vocês são o sal da Terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Mateus 5:13

O enredo estava ficando mais denso e as palavras fluíam suavemente. Eu estava me divertindo com o teclado e sorrindo ao pensar que, a essa altura, havia superado o temido bloqueio criativo. Os personagens estavam se tornando reais, até que uma batida forte à minha porta me assustou.

– É melhor que seja alguma coisa importante – falei para mim mesma.

Contrariada, afastei-me do computador para verificar quem era a pessoa “inconveniente”. Eu queria que não fossem os filhos do meu vizinho, que já tinham me incomodado duas vezes naquela manhã, chutando a bola por cima da cerca e batendo à minha porta para pedir que eu a jogasse de volta para eles. Uma espiadinha me revelou que era a irmãzinha dos meninos. Fiquei pensando se deveria ouvi-la ou continuar escrevendo. Imaginei que eles a haviam enviado dessa vez, pois sentiram que já tinham me irritado. Antes que eu decidisse se deveria ouvi-la ou não, ela bateu novamente à porta. Abri a porta e forcei um sorriso.

– Minha mãe quer cozinhar alguma coisa e acabou o sal. Você tem sal sobrando para me dar, por favor?

Por um momento, fiquei olhando para a criança, intrigada. Ela me olhou diretamente nos olhos ao dizer essas palavras. Respondi que tinha.

Ela entrou e ficou esperando no corredor enquanto eu entrava na cozinha. Quando criança, minha mãe me ensinou a sempre ter sal extra nos armários da cozinha. Então, sempre tenho um ou dois frascos de sal fechados. Entreguei um frasco de sal para a menina e ela foi embora.

Três dias depois, Mateus 5:13 me veio à mente. Deus pede que eu seja o sal da terra. Ele nos pede que sejamos bem temperadas e que nos misturemos, cumprindo o propósito para o qual Ele nos chamou. Para que serviremos se perdermos nosso sabor ou se permitirmos que nosso “sal” seja usado em excesso? Se eu tivesse ignorado a batida em minha porta, teria perdido a oportunidade de ajudar, mesmo que da forma mais insignificante. Talvez nosso sal seja necessário para pessoas muito improváveis, mesmo assim não devemos dar desculpas e não ajudar. Então, minha amiga, a pergunta é: você é salgada demais ou bem temperada? Você sempre tem “sal extra” para compartilhar: palavras gentis para alguém ou um pequeno ato de bondade aos outros? Senhor, ajude-me a ser bem temperada e a servir aos outros.

Regina Jele-Ncube