Vários dias atrás, eu me despedi do meu irmão na estação ferroviária. Ele entrou no trem e, como só faltavam cinco minutos para a saída, decidi ir embora. Depois de andar, passando por dois vagões, parei e olhei para trás, só para observar e esperar. De repente, uma mulher e uma garota passaram por mim, enquanto eu estava lá parada. O lenço preto cobrindo a mulher indicava que ela estava viajando para um funeral. Subitamente, ela começou a chorar tão alto que as pessoas ao redor olharam para ver o que estava acontecendo. Em seguida, ela embarcou no trem, que partiu logo em seguida.
Foi então que percebi a garota cambaleando enquanto se distanciava do trem. Fui até ela, segurei-a e consegui mantê-la em pé, evitando que ela caísse. A moça estava bastante abalada e triste, mas sussurrou que estava com tontura. Ela parecia prestes a desmaiar, então pedi que alguém trouxesse água. A moça chorou por um longo tempo, apoiada ao meu ombro, mas finalmente conseguiu andar com minha ajuda.
Caminhamos até o metrô, onde nos sentamos em um banco. Ela conseguiu me dizer que seu nome era Lena, que seu avô havia falecido e que sua mãe estava indo ao funeral. Eu não podia deixá-la naquelas condições, pois ela estava com medo de ficar em seu apartamento sem a mãe, então a convidei para ir à minha casa. Descobri que, quando ela tinha apenas seis anos de idade, seu pai havia deixado a família, e sua mãe havia ido para Moscou trabalhar, deixando-a com os avós. O avô havia substituído o pai na sua vida. Ela não pôde ir ao funeral porque havia alguns problemas com seus documentos, pois ela ainda era menor de idade. Havia morado com a mãe por somente dez meses, e era muito doloroso separar-se dela agora.
Conversamos enquanto tomávamos chá. Lena tinha muitas perguntas sobre religião e, depois de conversarmos bastante, ela disse que queria ser batizada. Expliquei-lhe que ela precisava aprender muitas coisas antes de ser batizada. Então ela continua estudando.
Geralmente, ao me despedir de alguém que está indo viajar, vou embora logo em seguida. Então por que decidi parar naquele dia? Somente Deus sabia que Lena precisava tanto da minha ajuda. Que Deus misericordioso e bom Ele é!
Raisa Ostrovskaya