Sexta-feira
15 de setembro
Transplante cardíaco
“Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito. Lucas 18:13

Era a hora do sacrifício. Quem se dirigia ao pátio do templo naquele momento via uma cena muito simbólica. No centro do pátio, havia o altar, adoradores em torno desse móvel e um cordeiro despedaçado que logo seria queimado. Uma fumaça densa enchia o ambiente e subia para o céu. Essa cena era a evidência de que o pecado é real na vida de todo ser humano e de que todos precisam do Salvador. O cordeiro representava Cristo.

O que determinou a vitória do publicano foi olhar para esse sacrifício e reconhecer que era para salvar gente como ele que tudo aquilo estava ocorrendo. O fariseu, porém, olhando somente para si, não pôde contemplar a cena tampouco entender seu significado.

Por sua vez, o publicano clamava por salvação. Reconhecia que a lei de Deus exigia sua morte e que seu pecado causava a ira divina. Por isso, com humildade, suplicava o perdão. A oração dele é uma síntese do Salmo 51, no qual Davi reconhece seu terrível pecado e pede misericórdia e transformação.

O publicano orava batendo no peito. Esse gesto só era usado em ocasiões de extremo desespero. Os judeus piedosos costumavam cruzar as mãos ao orar, mas bater no próprio peito não era corriqueiro na oração. Dificilmente esse ato era praticado por homens. Um antigo comentário judaico explica o gesto: “E os vivos colocarão isto no seu coração; estes são os justos que colocam a sua morte contra o seu coração; e por que eles batem sobre o coração? Como a dizer: ‘Tudo está aí.’ Os justos batem sobre o coração reconhecendo-o como fonte do desejo do mal.”

É como se, ao bater no peito, o publicano estivesse dizendo: “Eu não quero esse coração pecador.” Ele reconhecia que “é do coração que vêm os maus pensamentos, os crimes de morte, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, as mentiras e as calúnias” (Mateus 15:19). Dessa maneira, manifestou o desejo de que Deus lhe fizesse uma espécie de transplante cardíaco espiritual para deixar de ser aquilo que tinha sido até então (Jeremias 31:33).

Muitas vezes, ao orar, tenho repetido o gesto do publicano. Simbolicamente, bato em meu peito, dizendo para Deus: “Com este coração, Pai, é impossível ser cristão.” Una-se a mim hoje e, com a mão no lado esquerdo do peito, clame a Deus por um transplante cardíaco em sua vida espiritual. Em resumo, diga a Ele: “Pai, dá-­me um coração igual ao teu!”