Já me mudei várias vezes, de casa, de cidade, de estado. Recentemente fiz minha nona mudança de casa. Não sei se você se parece comigo, mas eu gosto de mudar!
No primeiro momento é aquele susto, um frio na barriga, uma desestabilização que chega a causar um pouco de desconforto. Depois as coisas vão se encaixando, e a gente vai se surpreendendo com algumas novidades agradáveis que encontramos na cidade, na casa, na escola dos filhos e tantas outras… É bem verdade que também existem perdas imensuráveis, como os amigos queridos que aprendemos a amar com toda intensidade e que temos de deixar para trás; os móveis que ficam tão danificados que, como dizia minha avó, mais parecem “uns cacarecos”.
Mudar, para mim, é recomeçar, reorganizar, restaurar! Hora de começar tudo novo de novo. De ver o velho com cara nova, de varrer de dentro para fora, de mudar o vaso de planta, de esvaziar para priorizar. Vibro ao encontrar um objeto do qual não me lembrava mais. E ao encontrá-lo, viajo no tempo e relembro momentos incríveis.
No início não é fácil ver aquele tanto de caixas espalhadas por todos os cômodos da casa, as crianças correndo, os adolescentes no celular, o marido com a furadeira na mão, e você sozinha para organizar as coisas. Mas devagar vamos colocando tudo em ordem, redirecionando, recolocando. Fazemos um pouco de esforço, mas depois de alguns dias, tudo está no seu devido lugar.
Para falar a verdade, toda mudança também me faz rever acúmulos de coisas que possuo, e vou aprendendo a criar o hábito de viver somente com o que realmente tenho necessidade. Todas as mudanças me fazem refletir sobre minha vida espiritual. Fico pensando a respeito dos hábitos enraizados em minha vida que precisam ser desfeitos e abandonados, como aqueles objetos velhos que ocupam espaços, sem utilidade alguma.
Gosto de limpar atrás daqueles móveis que passam anos no mesmo lugar. Quantas sujeirinhas vão se acumulando! Às vezes cultivamos também impurezas nos pensamentos, nas palavras, pequenos atos desonestos que precisam ser varridos de nossa vida.
Por fim, reflito que uma casa é construída com relacionamentos sólidos, amor, amizade, companheirismo, cumplicidade. O que realmente deixa uma casa perfeita são os relacionamentos construídos dentro dela. Assim como a vida cristã, o que realmente faz a diferença é nosso relacionamento com Cristo. Então é hora de arrumar as malas para a próxima mudança. Limpe, lave, enxugue, jogue fora, desapegue e seja feliz!
Jussara Ramalho Alves