Algumas pessoas têm o “dom” de transformar a lei em um pesado fardo. Legalistas sempre querem estar com a razão. A indiferença emocional e o fervor desequilibrado levaram alguns judeus a lançar aos pés de Jesus uma mulher pecadora que eles queriam condenar à morte. Não parece, mas o legalismo mata. Mata, por exemplo, a confiança no valor de uma segunda chance e na capacidade humana para aproveitá-la. Legalistas não acreditam no melhor que há nas pessoas, nem em redenção ou conversão. Deus sim.

A irmã de uma jovem cristã foi barrada pelo diácono ao tentar entrar na igreja com um cigarro aceso.

– Aqui a senhora não pode fumar – disseram-lhe rispidamente.

Consciente do erro que cometia, ela apagou o cigarro, mas antes o desafiou:

– Acha mesmo que, se Deus estivesse à porta, Ele me impediria de passar?

A resposta:

– Não sei, porém quem está aqui sou eu, não Ele. E aqui você não entra!

Pouca gente sabia, mas aquela mulher havia tentado suicídio mais de uma vez e, naquele dia, tinha ido à igreja para encontrar respostas que a ajudassem em sua crise existencial. O diácono defendeu o princípio certo do jeito errado. Evidentemente, o problema não está na lei de Deus, mas em tornar as próprias opiniões em lei.

Dificilmente um legalista assumirá que se sente como se fosse o próprio legislador, mas acontece. É fácil cruzar a linha sem nem perceber. Como cristãos, falamos em nome de Deus e, às vezes, como se fôssemos o próprio Deus. Todavia, por vezes, quão longe estamos do Senhor, da Sua forma de pensar, de Seus propósitos de salvação, de Seu amor insondável!

Jesus nasceu e viveu sob a lei para mostrar que, além de respeitá-la, precisamos ir além e fazer algo mais. A lei é serva, escrava. O escravo obedece sem pensar, sem sentir, sem amar. Somos servos inúteis se fazemos apenas o que nos mandam (Lc 17:10). Cristo espera que vivamos ao mesmo tempo a letra e o espírito da lei, como Ele próprio fez. Deus não é legalista; Ele é legal. Que tal deixar que Ele ensine você a servi-Lo? Deixe-se corrigir por Ele. Aprenda com humildade. É a única forma legítima de ser discípulo.