O fumo é um veneno lento, traiçoeiro, mas terrivelmente maligno. Seja qual for a forma de utilização, ele atua na constituição; é o mais perigoso, porque seu efeito é lento e, a princípio, por assim dizer, imperceptível. Estimula e depois paralisa os nervos. Debilita e obscurece o cérebro. Muitas vezes, afeta os nervos de maneira mais forte que a bebida intoxicante. É mais sutil, e seus efeitos são difíceis de eliminar do organismo. Seu uso estimula a sede de bebidas fortes, lançando em muitos casos a base para o hábito das bebidas alcoólicas.
O uso do fumo é inconveniente, caro, sujo e contaminador para o usuário, além de ser um incômodo para os outros. Seus devotos estão por toda parte. Dificilmente você passa por uma multidão sem que algum fumante solte em seu rosto uma baforada de seu hálito envenenado. É desagradável e pouco higiênico ficar num vagão ou numa sala em que a atmosfera esteja impregnada dos vapores da bebida ou do fumo. Embora as pessoas persistam em usar esses venenos para si mesmas, que direito têm de contaminar o ar que os outros devem respirar?
Entre as crianças e os jovens, o uso do fumo está operando indizível dano. As práticas contrárias à saúde, das gerações passadas, afetam as crianças e a juventude de hoje. A incapacidade mental, a fraqueza física, os descontrolados nervos e os apetites contrários à natureza são transmitidos como legado de pais a filhos. As mesmas práticas, continuadas pelos filhos, vão crescendo e perpetuando os maus resultados. A isso se deve, em não pequena escala, a decadência física, mental e moral que se está tornando tão grande causa de alarme.
Os meninos começam a fumar em tenra idade. O hábito assim formado, quando o corpo e a mente estão especialmente susceptíveis aos seus efeitos, diminui a resistência física, impede o desenvolvimento do corpo, entorpece a mente e corrompe a moral. […]
Apelo àqueles que professam crer na Palavra de Deus e obedecer-lhe. Como cristãos, vocês podem condescender com um hábito que está paralisando o intelecto, privando-os da capacidade de estimar devidamente as realidades eternas? Podem consentir em roubar diariamente a Deus do serviço que Lhe é devido, e roubar seus semelhantes, tanto do serviço que poderiam prestar a eles como do poder do exemplo? (A Ciência do Bom Viver, p. 327-330).