Poucas coisas perturbam tanto o senso de dignidade humana quanto a realidade da morte. Às vezes, é inclusive um tabu do qual evitamos falar; um assunto, digamos, proibido para menores de 18 anos. Apesar disso, está o tempo todo estampado nas páginas dos jornais. Por exemplo, no dia 28 de novembro de 2016, um trágico acidente com o voo 2933, da companhia aérea boliviana LaMia, abalou o mundo. O avião transportava o time da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana quando colidiu com a montanha El Gordo, a 35 quilômetros do aeroporto de Medelín, na Colômbia. A notícia chocou as pessoas, principalmente pelo motivo do acidente.
Segundo os especialistas, a causa provável tenha sido “pane seca”, ou seja, falta de combustível. Setenta e uma pessoas morreram, entre jogadores, pilotos e comissão técnica. Celebridades do mundo inteiro se solidarizavam com os parentes enlutados. Contudo, nada poderia ser feito para reparar o estrago ou trazê-los com vida de volta para casa.
Algo que chamou atenção da mídia na ocasião foi a carta que a viúva de um dos jogadores escreveu. Nela, a esposa enlutada expressa saudade do marido e o chama de herói. Diz que o legado deixado por ele ajudaria a família a superar a dor da perda. Conta ainda como as pessoas estavam orgulhosas do homem, pai, profissional, marido e amigo que ele foi. Todos sentiriam falta dele, inclusive a “filhinha de quatro patas” que tinham em casa. Ela termina com uma frase que revela sua dor: “Enfim, estou sem chão.”
É certo que o marido não pôde ler isso, pois os mortos não interagem com os vivos (Ec 9:5), mas a homenagem carinhosa demonstra quanta falta faz um lugar seguro, sem o risco de separações indesejadas e vidas interrompidas bruscamente no auge de suas realizações. Nós não fomos feitos para a morte, pois Deus colocou a eternidade no coração humano (Ec 3:11). É por isso que temos saudades do lar eterno, um lugar em que não haverá lágrimas, separação, sofrimento, morte ou dor. Este mundo pode oferecer muitas coisas boas, mas, por favor, não se acostume muito com ele. Aqui não é o seu lugar. Logo voltaremos para casa!